terça-feira, 11 de agosto de 2009

Exposição Zanazanan - Obras Premiadas




A IGUALDADE DIFERENTE 13/04/09


A exposição ”Obras Premiadas”, de Francisco Zanazanan, no espaço Cultural dos Correios, em Fortaleza, merece algumas considerações. A primeira diz respeito à apresentação dos trabalhos. De curadoria múltipla, já que estamos tratando de trabalhos que foram premiados, o todo se revela maior do que a soma das partes, diria um discípulo da teoria da Gestalt. Mas é assim mesmo. Não ficamos à vontade para preferir este àquele, pois a relação entre eles acaba por valorizar, e muito, cada um, em particular. Isso, a meu ver, ocorre ao ponto de se considerar a sobrevivência individual dos trabalhos, algo que exigirá esforço. A solução seria congelar o espaço expositivo tornando permanente a mostra. Não será possível e nos restará a sensação de perda. Sem aquele contexto é possível que se converta, cada obra, em um peixe fora d'água.

Não me parece suficiente a expressão “dialogar”, mas me permito o uso do termo, por falta de outro melhor, que agora não me ocorre. Assim direi que o diálogo entre eles não apenas os nivela por cima, todos têm a mesma dignidade, como nos dá a sensação de que estão em seu habitat, em sua comunidade.

Outra coisa que me importa é a forma de sua elaboração. Zanazanan, a exemplo de Palatinik, é uma agradável e respeitosa mistura de artista e cientista, sendo que Francisco optou pelo uso da artimanha em vez dos motores. A astúcia é, pois, o motor dos engenhos dele que minimaliza o discurso mantendo a curiosidade como elemento de cada trabalho.

A dinâmica dos seus trabalhos transfere, em parte, ao espectador. Algumas obras, por exemplo, exigem de quem as observa, que faça algum movimento para que sejam vistos detalhes, mobilidade, sutilezas que o artista lhes empresta com raríssima destreza. São elas que tiram o observador para dançar, “um pra lá, um pra cá”, nos passos fundamentais da valsa.

As obras são conhecidas, mas juntas constituem uma outra, a exposição, que resulta por se afirmar como uma espécie de síntese conceitual. Num golpe, o conjunto supera cada obra em particular e paira destinando o olhar a uma percepção diferente a cada instante. Certa vez ouvi do artista que gostaria de desenhar nos astros, numa revelação vocacional para a astronomia artística ou para a arte astronômica. Pois bem. Conseguiu. Francisco Zanazanan revela sua escolha. A ilusão da ilusão.

Ao visitante sobra um aviso: Sair da exposição indiferente, é um mal sinal que depõe contra você.


Carlos Macêdo

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