
“SOBRE MIM”
Quando comecei a pensar o projeto “SOBRE MIM”, ele tratava de desenhos e volumes escultóricos, objetos parelhos como cenário e figurino, talvez eu tentasse criar um arremedo ou enredo dramático de minhas impressões “sobre mim”, nesse caso, sobre o que está acima da minha cabeça.
Em um segundo momento encontrei no registro videográfico um suporte mais artificial, portanto para mim, mais próximo da arte, pois creio ser próprio da arte o artifício, contudo o “vídeo” por também possuir a natureza cinemática e nesse caso estabelecer iminente sincronicidade e cadência rítmica construiria melhor o objeto e propósito de minha pesquisa, o reposicionamento de meu ângulo de visão.
Me propus a captura de imagem em movimento usando o topo de minha cabeça como “ponto de vista”, melhor dizendo um olhar “sobre mim”. Nesse processo de extrema “verticalização” da imagem a objetiva aponta para o alto, para os céus, para longe do chão. Entendo ser o horizonte nosso ponto de vista natural, evita-lo em movimento vertical para o alto torna-o rico. Elevar o olhar e não olhar onde se pisa, pronunciar em forma de imagem a perspectiva astral quase como que num desligamento corpóreo. Parafraseando: “olhe por onde pisa”, eu digo em imagem: “pise por onde você não vê”.
Modus operandi (modo de operação):
Caminhante, equipado de micro câmera camuflada, posicionada no topo de sua cabeça e apontada para cima, circula por lugares aleatoriamente escolhidos, desprovida essa escolha de contexto histórico ou relevâncias urbanísticas e arquitetônicas. O caminhante busca o intranquilo, a imagem de um “repouso em movimento”, (afinal quando olhamos para o alto ficamos imoveis ou o deveríamos faze-lo, quando muito somos conduzidos, mesmo havendo nessa segunda conduta o aceite de quem olha pra cima).
O caminhante não monitora o que está sendo gravado durante o percurso, ele apenas segue.
Fortaleza, 30 de abril de 2010
Francisco Zanazanan





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