



Este é o caso de Francisco Zanazanan, artista cearense, que apresenta a exposição “A Língua Toda”. Nome que funciona perfeitamente para o seu trabalho, afinal, se seu “atelier” está dentro de sua cabeça, a porta da frente só poderia ser a língua.
Primeiro nos deparamos com o sentimento da eminência, aquilo que está prestes a acontecer. Estamos quase a nos dividir quando olhamos em frente e, se abaixarmos o olhar, já nos vemos rachados e por pouco não nos vemos partidos. Se fiapos são pedaços de linhas que se soltaram de um tecido, aqui eles podem representar a imagem que está a se esvair, ou, indo mais além, a vida que convive com a eminente chegada da morte.
Com influências da tecnologia, arte cinética e optical art, Zanazanan cria um mundo paralelo, onde em meio a seus efeitos – sem se tornar um artista de efeitos - consegue prender a atenção e seduzir a imaginação de seu espectador, mesmo ele (o espectador) sabendo que tudo, por vezes, não passa de uma ilusão. Ilusão como em um mundo 3D, onde nossos olhos são enganados e nos apresentam a sensação de enxergar coisas que, normalmente, eles não vêem.
Mas se o efeito 3D presente nos grandes filmes do cinema por vezes pretende nos levar a imaginar um mundo paralelo, onde o simples ato de pegar um objeto se torna algo grandioso e inimaginável, na terceira dimensão de Francisco Zanazanan é algo simples, algo que nos faz enxergar a sutileza da construção, ponto-a-ponto, de uma imagem.
Sutileza essa que está presente na elaboração de cada detalhe de sua obra, nos mostrando um pouco daquilo que só ele, em sua caverna, consegue enxergar. Sem fazer referências a caverna de Platão e suas sombras, pois aqui o reflexo é o do inconsciente interessante da real residência de seu autor, sua mente, aquela que se encontra dentro de sua caveira-caverna."
Tarcísio Acioli Lins
Crítico independente convidado
do projeto "Residências em Fluxo"












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